NOTÍCIAS
23 DE JULHO DE 2024
Artigo – É preciso ter pressa para o planejamento sucessório na reforma tributária?
As famílias estão em busca de planejar suas sucessões e isso é algo não só louvável, mas principalmente recomendado, para garantir a perenidade dos bens e das empresas, bem como um futuro seguro e a manutenção do padrão de vida para as próximas gerações.
Contudo, todos precisam ficar mais atentos para o que a reforma tributária reserva para o ITCMD (Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação), pois o PL 108/2004 apresenta uma ampla e nova regulamentação para o imposto que mais atormenta os contribuintes quando o assunto é o planejamento sucessório.
O principal objetivo do projeto é regulamentar a reforma tributária, especialmente no tocante à criação das normas pertinentes ao Comitê Gestor do IBS e da CBS, bem como os correspondentes desdobramentos processuais. Mas está sendo aproveitado o ensejo para mudar completamente as regras do ITCMD.
Atualmente temos, resumidamente, o seguinte cenário:
– Os estados em geral, com exceção de alguns, ainda não adotaram a progressividade tributária do ITCMD, cuja obrigatoriedade foi instituída pela EC 132/2023 na Constituição Federal, que alterou o texto do artigo 155, §1º inciso VI da nossa carta política.
– Minas Gerais e São Paulo ainda não adotaram a progressividade. São Paulo, porém, possui um projeto de lei em tramitação regulamentando o novo comando constitucional. Trata-se do PL 7/2024, que pretende alterar a Lei Estadual n° 10.705/2000.
– Alguns estados aceitam como valor de base de cálculo da doação o valor contábil das quotas societárias.
– Os estados ainda dispõem do ICMS, que será extinto em 10 anos, mas precisarão compensar as perdas decorrentes de tal extinção, já que no âmbito do IBS e da CBS eles somente poderão instituir suas alíquotas, tendo perdido a competência tributária plena, que inclui a instituição do imposto, passando a ter a partir da EC 132/2023, competência compartilhada com a União e com os Municípios.
Por outro lado, em oposição ao atual sistema tributário para o ITCMD, o PL 108/2024 busca aprovar uma ampla e geral regulamentação para o imposto, que irá coibir planejamentos sucessórios mediante a utilização da legislação de Estados que possuem a tributação mais favorável. Pelo menos essa é a intenção.
É o que pretende, por exemplo, o artigo 171 do PLP 108/2024:
Art. 171. No caso de quotas ou ações de emissão de pessoas jurídicas, a base de cálculo do ITCMD será determinada de acordo com as seguintes regras:
I – quando as quotas ou ações forem negociadas em mercados organizados de valores mobiliários, incluindo os mercados de bolsa e de balcão organizado, com mercado ativo nos noventa dias anteriores à data do fato gerador, a base de cálculo corresponde à cotação de fechamento do dia anterior ao fato gerador; e
II – nos demais casos, a base de cálculo deve ser calculada com metodologia tecnicamente idônea e adequada às quotas ou ações, devendo corresponder, no mínimo, ao patrimônio líquido ajustado pela avaliação de ativos e passivos a valor de mercado, acrescido do valor de mercado do fundo de comércio, conforme estabelecido na legislação do ente tributante.
Note-se que, o projeto de lei pretende ser uma lei geral do ITCMD, por tratar-se de lei complementar nacional. Nesse sentido, ele amplifica a base de cálculo quando se tratar da doação de ações ou quotas, para que seja acrescido o valor de mercado do fundo de comércio.
Atualmente, além de alguns Estados permitirem o recolhimento do ITCMD no caso de doação de quotas ou ações, pelo valor patrimonial contábil, como já mencionamos, não há qualquer previsão para que seja incluído na base de cálculo o valor de mercado do fundo de comércio, conforme estabelecido pela legislação do ente tributante.
171
Vale ressaltar que a pretensão do artigo 171, salvo melhor juízo, delega aos estados a possibilidade de incluir em suas leis do ITCMD o fundo de comércio da pessoa jurídica para compor a base de cálculo da doação de quotas ou ações. Nos parece uma norma viciada, pois legislar sobre direito comercial é uma competência privativa da União, em seu artigo 22, sendo uma espécie de competência que não comporta delegação.
Parece até piada pronta o número do artigo, mas ele irá onerar as doações excessivamente em caso de aprovação do projeto de lei sem alterar o texto acima mencionado.
A partir da aprovação do PL 108/2024, portanto, as doações terão as seguintes características:
– A regra será o valor de mercado para a base de cálculo das doações e inventários – independentemente se for a doação de bens, quotas ou ações.
– Com a perda do ICMS e com a obrigatoriedade da progressividade da alíquota do ITCMD, os estados certamente vão querer compensar a perda de poder decorrente da criação do IBS e da CBS.
– Há um projeto de resolução em tramitação no Senado, o de nº 57/2019, conforme já alertamos aqui, aumentando a alíquota do ITCMD de 8% para 16%.
Fonte: Conjur
Outras Notícias
Anoreg RS
01 DE JULHO DE 2024
Saiba mais: Como mudar o nome e gênero no cartório civil
Para fazer a alteração é preciso apresentar documentos pessoais
Anoreg RS
01 DE JULHO DE 2024
TRT-3 autoriza identificação de casamento e regime de bens de devedor
Caso sobre ação de execução, na qual diversas tentativas de localizar bens dos executados já foram realizadas.
Anoreg RS
01 DE JULHO DE 2024
Filha pode excluir sobrenome de pai biológico após abandono afetivo
TJ/DF afirmou que o direito ao nome é um direito fundamental e sua modificação pode ser admitida em situações...
Anoreg RS
01 DE JULHO DE 2024
Reforma no Código Civil: 5 principais propostas de alteração nas sociedades limitadas
Em 17 de abril, o Senado recebeu o anteprojeto do Código Civil, elaborado por uma comissão de juristas renomados...
Anoreg RS
01 DE JULHO DE 2024
Ranking de Qualidade Notarial e Registral 2024 está chegando!
A publicação reconhece os Cartórios que se destacam pela excelência e qualidade na gestão organizacional e na...